Um amigo tóxico

Hoje o tema é o tabaco. Desde miúda, que a minha melhor amiga viveu num meio de fumo. Aos 13 anos, experimentou o primeiro cigarro por curiosidade e detestou. Mas, com a adolescência, facilmente aderiu a essa moda estúpida. Durante anos, controlou muito bem o vício, não passava dos 10 cigarros por dia. Com o passar dos anos, o vício cresceu, até descambar. Hoje, sabe que vai conseguir deixar de fumar, mas não é neste momento. É honesta consigo mesma.

Sabem que este vício é terrível. Quem diz o tabaco, diz outros vícios. Já deixou, uma vez, durante 6 meses e sentiu-se muito bem. Mais livre, sobretudo. Percebeu logo os benefícios: para a carteira e principalmente para a saúde!

A relação das pessoas com o tabaco é muito diversa: envolve mecanismos psicológicos poderosos. Para ela, o tabaco é como um amigo tóxico, que sempre a acompanhou ao longo da vida. É uma coisa que consegue controlar, não no sentido de posse, mas no sentido em que controla o que fuma, quando e quantos. Não controlamos a vida e os seus dissabores. Por isso é tão complexo abandoná-lo. Ainda é uma extensão dela. Só de pensar nisso, fica ansiosa.

Como qualquer vício ou hábito, é difícil deixar, mas é urgente que o façamos, tendo em conta o nosso bem-estar e o dos outros.

Um dia li que o vício do tabaco, segundo Freud, tem a ver com o vínculo afetivo com a mãe, a sua inexistência, ou mesmo um vínculo desequilibrado. Achei uma abordagem interessante.

Sei que a minha amiga vai conseguir fazê-lo. À medida que desconstruir e resolver aspetos mais difíceis dentro de si, o vício irá embora. Encerra certas mágoas e dores em si e o vício morre em conjunto. E tu, já te livraste do teu amigo tóxico? Conta-me como foi!